sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Webwriter, muito além de escrever

Na segunda semana de janeiro, ministrei o módulo de Webwriting no curso de Gerentes de Mídias Sociais do E-commerce School, em São Paulo, e me dei conta que muita gente ainda acredita que Webwriting é sinônimo de redação para web e, num curso com este nome, aprenderia apenas técnicas de redação. Na verdade, Webwriting vai muito além do texto, contemplando todo o conteúdo e sua organização em ambiente digital. Em 1997, o papa da usabilidade, Jacob Nielsen, publicou no seu site www.useit.com o resultado de testes de comportamento do texto em ambiente online. Ele identificou a necessidade de uma formatação do texto específica para a web e, desde então, ele e outros profissionais iniciaram estudos neste sentido. (No Brasil, eu destacaria Bruno Rodrigues, autor do livro “Webwriting – Pensando o texto para a Mídia Digital” e que mantém o blog Cebol@)
Os ambientes digitais passaram por transformações, consolidaram-se como meios de distribuição de informação e ampliaram as possibilidades de utilização de conteúdo multimídia. O conteúdo, antes restrito a textos, ganhou vídeos, galerias de imagens, animações, infográficos interativos, ícones, mapas em flash, áudios e outros formatos.
Com a evolução dos ambientes digitais, o Webwriting passou a ser entendido como o conjunto de técnicas de organização e de distribuição de conteúdo (sejam vídeos, imagens, áudios ou textos) em ambientes digitais. Com o objetivo principal de facilitar a leitura e a navegação do conteúdo lançando mão de técnicas e de conhecimentos, não só de redação e de formatação de texto, como de arquitetura de informação, usabilidade, SEO, Acessibilidade, Transmedia, entre outras.
Conteúdo em blocos e camadas
De acordo com estudos realizados (como os de Jacob Nielsen), uma boa maneira de organizar o conteúdo em ambientes digitais é distribuí-los em Lexias. Segundo a enciclopédia digital Encydia, uma lexia é a unidade mínima de leitura que compõe um texto e foi cunhado pelo pensador francês Roland Barthes.
O conceito de lexia foi apropriado por teóricos do Hipertexto como George Landow e Ted Nelson para se referirem aos blocos de informações distribuídos em ambientes digitais. A distribuição hipertextual do conteúdo em lexias permite que o leitor navegue pelo conteúdo conforme seu interesse.
Gosto também do conceito de Bruno Rodrigues que diz que o conteúdo para ambiente digital deve ser organizado em camadas, como numa cebola. Na Cartilha de Redação Web, que Bruno Rodrigues desenvolveu para o Governo Federal, ele divide o conteúdo em três camadas:
1) Camada de Apresentação: onde são expostos os aspectos mais persuasivos da informação que virá a seguir;
2) Camada Genérica: onde são respondidas questões básicas sobre a informação em questão;
3) Camada de Detalhamento: onde estão todos os detalhes sobre a informação abordada.
Ou seja, para facilitar a navegação, a distribuição de conteúdo deve ser em camadas organizadas em blocos (lexias) – independentes e complementares – que são ligados (linkados) por hipertextos (links).
Formatação de Texto
O conceito de Lexias também ajuda na formatação do texto em si. A ideia é escrevê-lo em blocos, utilizando intertítulos (como estou fazendo aqui). Vale ainda destacar algumas palavras-chaves em negrito ou itálico (não gosto de usar sublinhado em textos digitais, já que o mesmo pode sugerir hiperlink).
O consultor de Social Media e colunista do site Mashable, Muhammad Saleem, destaca que o leitor de mídias digitais (que ele chama de “leitor diagonal”)- diferente de um leitor convencional que lê aproximadamente 240 palavras/minuto – lê em média 900 palavras/minuto. Pensando nisso, ele lembra que a utilização de listas (tópicos ou bullets) pode ajudar na leitura. Destaca também que escrever em CAPS LOCK reduz em até 13% a velocidade de leitura (além de ser considerado agressivo pela etiqueta online).
SEO – seja encontrado
Outro ponto destacado por Muhammad Saleem é em relação ao título do texto que ele acredita que deva ser breve e enfático. Eu destacaria outro ponto importante: escrever títulos que sejam encontrados em buscadores, especialmente no Google. As técnicas de SEO – Search Engine Optimization – ajudam e muito nesta tarefa!
Não só o título, mas todos os elementos textuais do conteúdo devem ser pensados com as técnicas de SEO: o próprio texto, o título da imagem, o alt (aquele texto que aparece quando passamos o cursor), devem ser escritos pensando em palavras-chaves. Ou seja, o segredo para potencializar a “encontrabilidade” do texto é usar palavras que são comumente buscadas pelos usuários em ferramentas como o Google.
Webwriter
Levando em conta estes e outros conhecimentos que o webwriter deve desenvolver, eu acredito que webwriter é muito mais do que um redator: ele é produtor, planejador e gestor de conteúdo para mídias digitais e interativas. É praticamente um estrategista de distribuição de conteúdo multimídia para ambientes digitais e que usa seu conhecimento e técnicas com o objetivo facilitar a navegação do leitor!
Fonte; CDNDI

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