segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Rede de comunicadores se articula pela reforma agrária no Brasil

por Desirèe Luíse
Formada a partir da iniciativa de um grupo de jornalistas, uma rede de comunicadores pela reforma agrária tem se mobilizado no Brasil. Debates para o lançamento já foram realizados em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Curitiba (PR). Ainda sem data definida, também serão organizados encontros no Rio Grande do Sul, Ceará e Bahia para a divulgação da Rede de Comunicadores em Defesa da Reforma Agrária.

Além da sensibilização da sociedade por meio dos debates, um blog foi criado para a troca de informações. O objetivo é apresentar experiências bem sucedidas de reforma agrária, assentamentos rurais e agricultura familiar, além de impactos do agronegócio para os trabalhadores rurais e para a produção de alimentos.
“Percebemos que era preciso criar um contraponto, dar voz para quem não tem espaço na mídia convencional. Temos blogueiros que apoiam causas humanitárias e a reforma agrária, então pensamos em reunir as informações em um espaço na Internet”, explica um dos organizadores da rede, o jornalista Altamiro Borges.

A ideia da constituição da rede surgiu após a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), no final de 2009, para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Quando houve a ocupação de uma fazenda do estado de São Paulo, que por um erro o trator passou pelas laranjas da Cutrale, a mídia não ouviu o outro lado. Não divulgou que essa área é da União, terra devoluta”, afirma Borges.

A adesão à rede é aberta a todas as pessoas que se identificam com os valores do manifesto de lançamento. Os interessados podem contribuir mandando textos, informações e denúncias.

Aproximadamente 350 pessoas estão envolvidas no processo de articulação. Dentre os que fazem parte da Rede pela Reforma Agrária estão os jornalistas Paulo Henrique Amorim e Rodrigo Vianna, e o sociólogo e cientista político Emir Sader. O panorama da questão agrária brasileira é justificativa suficiente para a mobilização em torno do assunto, segundo os comunicadores da rede.

Aumento da concentração de terras

Os últimos dados sobre a concentração fundiária no país demonstram que a desigualdade na distribuição de terras aumentou. O Índice de Gini atingiu 0,872 para a estrutura agrária brasileira. O número é superior aos índices apurados nos anos de 1985 (0,857) e 1995 (0,856). Quanto mais perto o índice está de 1, maior a concentração.

Mais da metade da população detém menos de 3% das terras, enquanto 46 mil pessoas são proprietárias de quase 50% das áreas. As informações são do Censo Agropecuário 2006, divulgado no segundo semestre de 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Assentamentos e desapropriação

Em 2003, o governo assumiu o compromisso de assentar todas as famílias que vivem em acampamentos no país. Em 2009, a promessa foi realizada para oito mil delas. No entanto, os movimentos sociais do campo cobram o assentamento das 90 mil famílias acampadas restantes.

Outra promessa que não foi cumprida diz respeito à atualização dos índices de produtividade no campo. Usados para classificar uma fazenda como improdutiva, e então desapropriá-la para fins de reforma agrária, os índices (datados de 1975) ainda não têm prazo para serem revisados, mesmo estando previsto na Constituição Federal que devam ser atualizados periodicamente.
Fonte; Portal Aprendiz

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