quarta-feira, 18 de abril de 2012

Edital cultural amplia campo de atuação


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Em seu novo edital, o Rumos Itaú Cultural introduziu categorias da economia criativa
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Moda e desing agora fazem parte do Programa
Por MÔNICA LUCAS*
Programa Rumos Itaú Cultural criou uma nova categoria para seu edital de incentivo: moda e design
Após o Ministério da Cultura (Minc) incluir a moda sob o guarda-chuva da Lei Rouanet, em janeiro deste ano, era esperado que políticas de fomento chegassem à área também. O Itaú Cultural saiu na frente e incluiu a categoria “Moda e Design” entre os editais que o programa Rumos Itaú Cultural está lançando em 2012.
O edital de Pesquisa, que pela primeira vez se foca em moda e design, foi lançado ontem, juntamente com outros dois, “Dança” e “Cinema e Vídeo”, que já faziam parte das áreas de atuação do Instituto. As inscrições para os três editais estão abertas até o dia 13 de julho pelo site do Itaú Cultural.
A inclusão de moda e design no edital de Pesquisa surgiu a partir de uma ação do Observatório Itaú Cultural, criado em 2006, com os objetivos de refletir sobre a cultura e subsidiar a elaboração de políticas plurais ao setor.
“Percebemos que nos últimos 10 a 15 anos, os setores criativos contribuíram muito no desenvolvimento dos países, sendo responsáveis por 7% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. O Brasil, apesar de sua potência criativa e da diversidade cultural, não fica nem entre os dez maiores, embora curiosamente tenha a quinta maior indústria de moda do mundo”, argumenta Selma Cristina da Silva, gerente do Centro de Documentação e Referência do Itaú Cultural.
Embora evite o uso de incentivos fiscais em suas ações, o Instituto tem no Minc um farol para suas ações. Segundo Selma, a Secretaria de Economia Criativa do ministério fez um estudo entre 2010 e 2011 e descobriu que o primeiro desafio ao se tratar do assunto era a falta de informação, pois não haviam dados suficientes.
“Primeiro, é preciso conhecer o setor, até porque existe um percentual muito grande de informalidade no Brasil. Posteriormente é que o Itaú Cultural verá onde pode atuar”, diz Selma. Isso explica a opção do Instituto em contemplar não a criação, mas os estudos acadêmicos, nesse primeiro momento. Para isso, foram criadas duas carteiras distintas, uma em que poderão ser inscritas dissertações e teses já concluídas e a outra voltada para pesquisas em andamento.
O programa selecionará dez trabalhos, cinco em cada carteira. Cada contemplado na categoria Pesquisa Concluída receberá R$ 10 mil. Na categoria Pesquisa em Andamento, o apoio financeiro será de R$ 5 mil na divulgação dos selecionados e mais R$ 5 mil após a apresentação do estudo concluído. O Instituto prevê também a doação de 20 publicações consideradas referenciais pela comissão julgadora para o estudo na área. Há ainda a possibilidade de publicação.
Em um país ainda carente de cursos de pós-graduação strictu sensu de moda, o edital é válido também para pesquisadores de outras áreas. “Não precisa ser necessariamente moda, mas áreas com interseção, como a economia, a comunicação ou sociologia”, explica a gerente do Centro de Documentação e Referência do Itaú Cultural.
A intenção, explica Selma, é olhar e observar as cadeias produtivas como elementos de desenvolvimento econômico do país, contemplando trabalhos que analisem a capacitação e os arranjos criativos, por exemplo. Pesquisas menos focadas na economia criativa também serão aceitas, “desde que colaborem com o entendimento do setor”, o que abriria o leque para aquelas que abordam a história da moda ou seus aspectos sociais.
O conjunto de projetos inscritos (ainda que não selecionados) dará subsídios para os próximos editais, que possivelmente seguirão o mesmo caminho dos demais, incluindo a formação, criação e difusão. “Estamos tateando para ver o perfil (do setor), o que pode ser feito em relação a esse assunto muito falado, mas pouco estudado”, explica Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.
Outros editais
Para Saron, a inclusão da moda e design nos editais do Rumos é uma consequência natural, por ser uma área fronteiriça a outros campos de atuação do Itaú Cultural, como as artes visuais e arte e tecnologia. Junto com o edital de moda, saem também o quinto edital de Dança e o sétimo de Cinema e Vídeo. 
No caso da Dança, a política do Instituto está voltada para a formação. Acompanhando as reflexões promovidas pelos editais anteriores, este ano serão três carteiras a mais: Dança para Crianças, para apoiar a pesquisa dos modos de comunicação de dança para o público infantil; Formadores, com o objetivo de estimular e projetos de formação ou qualificação, e Residência para Criação, destinada a jovens criadores que querem aprender com seus pares.
Essas carteiras se juntam à já reconhecida bolsa para Desenvolvimento de Pesquisa, voltada para artistas que se dedicam ao estudo de linguagem em todos os gêneros da dança. “A proposta atual deixa, assim, de ser exclusivamente a dança contemporânea ou qualquer outro gênero específico”, frisa Sônia Sobral, gerente do Núcleo Cênicas.
A carteira para o Desenvolvimento de Pesquisa segue privilegiando iniciativas desenvolvidas fora do âmbito institucional de faculdades, companhias oficiais, academias e escolas, e que não apresentem apelo comercial ou apoio financeiro estável.
Considerando todas as quatro modalidades atualmente previstas no edital de Dança, poderão ser selecionados até 35 projetos, que receberão apoio financeiro entre R$ 28 mil e R$ 50 mil.
 
Na área de audiovisual, o programa dá continuidade à mudança de foco iniciada na edição anterior, expandindo sua área de ação para além do campo do documentário. A partir de uma percepção de que o audiovisual na contemporaneidade se apresenta em suportes, meios e formatos diversos, foram acrescentadas três categorias de fomento: Documentários para Web, Filmes e Vídeos Experimentais e Espetáculos Multimídia. “A experimentação sempre foi fator muito importante pra gente”, ressalta Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo Audiovisual e Literatura.
 
Os aportes financeiros para cada projeto selecionado varia de R$ 2,5 mil (no caso de uma das modalidades da categoria Documentário para Web, que tem como público-alvo jovens realizadores com idade entre 16 e 18 anos) até R$ 90 mil (nas categorias Filmes e Vídeos Experimentaise Espetáculos Multimídia).
 
Itinerância
Cinco cidades, uma em cada região do País, foram selecionadas para o lançamento dos editais, dentro do projeto de itinerância do Rumos Cultural. Fortaleza é uma delas e deve receber oficinas e mini-cursos de dança, cinema e vídeo e moda e design entre 8 e 12 de maio, na Vila das Artes.
A primeira atividade é a palestra com Alejandro Ahmed, coreógrafo residente, diretor artístico e bailarino do Grupo Cena 11 Cia. de Dança, logo no dia 8. Ele falará sobre a pesquisa e investigação em dança contemporânea na experiência de direção artística, criação e preparação técnica do Grupo Cena 11.
Para a área de cinema e vídeo, foi preparado o workshop de Introdução ao Live Images, com o artista multimídia Fernando Velázquez, nos dias 9 e 10 de maio.
O mini-curso de design de moda será ministrado pelo designer André Stolarski e pela historiadora e pesquisadora de moda Patrícia Sant’Anna. As aulas, nos dias 11 e 12, tratarão das possibilidades de pesquisas que relacionem o design e a economia criativa, em face dos dilemas históricos das indústrias culturais.
Rumos
Atualmente, são 12 editais em suas diversas fases. A verba para cada um deles varia conforme a fase do processo em que se encontra. Eduardo Saron, diretor do Instituto, faz questão de frisar que “o Rumos não é um prêmio, é um programa permanente, um processo de formação, articulação e difusão”. Cada artista selecionado costuma ficar no programa de dois a três anos.
Completando 15 anos, o programa chega a 2012 com um recursos da ordem de R$ 10,5 milhões, 31,5% a mais do que os R$ 8 milhões aplicados no ano passado. Representa 18,5% do orçamento total do Itaú Cultural, de R$ 57 milhões. Desse valor, pelo menos metade não utiliza recursos da lei Rouanet. Saron lembrou ainda que o programa não pede contrapartidas e ou prestação de contas, mas tem um acompanhamento que possibilita um salto qualitativo de criação ou reflexão.
 
Desde que foi criado, em 1997, o Rumos Cultural apoiou o desenvolvimento de 1.609 projetos em Artes Visuais, Arte e Tecnologia, Cinema e Vídeo, Dança, Educação, Jornalismo Cultural, Literatura, Música, Pesquisa Acadêmica e Teatro. Desse total, 31 projetos são oriundos do Ceará. Atualmente, o bailarino Flávio Sampaio e o diretor Kiko Alves são contemplados pelo Edital do Rumos Educação, Cultura e Arte.

A jornalista viajou a convite do programa Rumos Itaú Cultural
Mais informações:Rumos Itaú Cultural. Inscrições gratuitas até 13 de julho pelo site da instituição, onde estão disponíveis os editais na íntegra: http://www.itaucultural.org
Fonte; Diario do Nordeste

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